INÉDITOS


Tributo

                                                       pro Fernando, Flavinho e Zé
 
Invejo teu tridente meu Deus
quando ordenas mares e
humanos em vão se abrem
à tua passagem e invejo
os que não sabem que poderiam
ser outros de si mesmos e
ao menos não serem tão
Seus nem tão aos ares
jogados ao relento e seus
rebentos e eu Invejo
o momento de quem acaba
seu tempo pensando que
nem tanto ao sol nem tanto ao
vento e não procura mais
nenhum começo e invejo
os que acreditam que há
cronologia nos seus dias e
nos seus sentimentos e
invejo ah invejo tanto
os que se ausentam de mim
e nada sentem nem que
 me perdem nem que me arrasam com seus
tridentes de deuses, meu Deus, em
riste me furando em brasa e me
atrasando de mim e me largando
ao largo de meus próprios braços
no lugar de nada
sem me alçar ao sonho de
me alcançar e cada vez mais invejo
essa que eu caço tão Ideal e
cada vez mais mergulho no caos
do gosto de me sentir e
sempre invejo ah Invejo de Morte
os supostos inocentes de si

Um comentário:

Ângela Montez disse...

Ângela, seu belo poema diz da ferocidade do homem contra a mulher e, paralelamente, fala também da inocência do homem. Essa inocência, que se perdeu ao longo da história humana, já aparece no livro básico da doutrina judaico-cristã.Segundo o texto sagrado, foi Eva quem ofereceu o fruto proibido (Não confundir com sexo)a Adão, e o o bobinho inocente o comeu. E, como diz a marchinha carnavalesca, "Lá se foi o Paraíso".Acho que, de certo modo, a mulher continua a levar o homem ao paraíso, mas também a levá-lo à morte, ao Inferno. é, acho que é isso. Beijo. Ronaldo.